segunda-feira, 16 de maio de 2011

Projeto Parque da Pedreira

PARQUE DA PEDREIRA

Projeto de Parque Público Urbano na Zona Norte de São Paulo

Diogo Machado Oliva

Silvio Soares Macedo

Meu objetivo para o Trabalho Final de Graduação da FAUUSP foi o de desenvolver o projeto de um espaço livre público que oferecesse opções variadas de lazer e recreação para a população de algum bairro carente do município de São Paulo. Após pesquisas pelas Zonas Leste e Norte da cidade, escolhi trabalhar a área de uma antiga pedreira desativada, localizada na divisa entre os Distritos de Freguesia do Ó e Brasilândia, na Zona Norte do município.
Depois de estudar a região de trabalho, somei à gleba da pedreira outros dois lotes vizinhos também subutilizados, definindo a área de trabalho em um total de 1.380.000 m². A transformação da gleba da pedreira em um parque público está prevista inclusive na revisão do Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Freguesia - Brasilândia.
A região de trabalho apresenta-se como bairros carentes de infra-estrutura geral, na qual também está incluída a infra-estrutura de lazer: inexistem espaços públicos como praças e largos na malha urbana. Essa é conformada por uma grande massa construída, horizontal, densa, sem recuos e sem a oferta de espaços livres e vegetados. A população desse entorno é composta principalmente pela classe C e diversos e extensos trechos dessa urbanização estão classificados como ZEIS 1 no mapa de Uso e Ocupação do PRE.
O Plano Integrado de Transportes Urbanos (PITU 2020) prevê a chegada do metrô ao bairro da Brasilândia, com uma Estação Intermodal (que fará a conexão do metrô com as linhas de ônibus da região) em um ponto da gleba da pedreira.
A área de trabalho, conformada pela gleba da antiga Pedreira Morro Grande e pelas glebas vizinhas desocupadas, apresenta, ao mesmo tempo, grandes potencialidades para se tornar um parque público e diversos problemas que devem ser abordados no projeto do mesmo. As potencialidades podem ser representadas pela conservação da paisagem natural da área, existência de bosques de grande porte, sendo alguns deles com mata nativa, cenários e paisagens resultantes das atividades de extração de pedra da antiga pedreira, muito belos e morfologicamente interessantes, vias de grande importância da região que possibilitam fácil acesso ao futuro parque, futura Estação Intermodal vizinha ao parque, entre outros.
A problemática geral da área refere-se à topografia, que apresenta uma inclinação muito alta em praticamente toda a área do parque, com taludes chegam a inclinações de 100%, à divisão da área do parque em três glebas, devido à passagem de vias de circulação consolidadas, ao uso intensivo por parte da população, o qual deve direcionar a um projeto que preveja um número alto de freqüentadores sem que isso represente prejuízo ao desenho dos espaços, etc.
A elaboração do projeto do parque partiu do entendimento da paisagem regional e da área e de uma metodologia de definição dos espaços e equipamentos do parque.
A leitura da paisagem mostrou que a área do parque é definida por grandes encostas que culminam em cumeeiras que definem uma sub-bacia do Rio Tietê, cumeeiras essas junto a todo o limite norte do parque. Desse modo, essa área mais alta, da qual se tem vistas singulares do entorno e das partes mais baixas do parque, foi trabalhada com praças e espaços que funcionam como mirantes. A partir dessa cumeeira, que apresenta em diversos trechos vegetação existente, descem as encostas do parque cobertas por Mata Atlântica (planejada), cortadas por trilhas e caminhos. Nos pontos dessa encosta onde a inclinação do relevo permitia, foram locados os equipamentos e setores do parque, sempre definidos por clareiras, de diversos tamanhos, abertas em meio à Mata Atlântica.
A metodologia de definição dos espaços do parque teve por conceito a criação de uma grande diversidade de espaços e consistiu no desenvolvimento de dois planos: o Plano de Vegetação e o de Circulação. No Plano de Vegetação foram definidos critérios de plantio (Mata Atlântica, Bosque Permeável, Arvoredo Esparso e Plantio Ornamental) que caracterizam as diversas clareiras e ambientes do parque. O Plano de Circulação definiu a localização dos equipamentos e atividades, prevendo tanto setores principais definidos por tipo de uso e atividade, quanto pequenos núcleos periféricos, localizados junto às entradas, para o lazer do dia-a-dia da população do entorno imediato. Diferentes hierarquias de vias e caminhos dentro do parque organizam e orientam os usuários, fazendo a ligação entre os diversos equipamentos.
O Programa resultante previu espaços para as atividades de lazer passivo (passear, ler, descansar, etc.), lazer ativo e recreação (brincar, correr, comer, etc.), atividades esportivas e culturais. Desse modo, foram projetados espaços com mesas, bancos, áreas de estar, áreas com mesas para piquenique e churrasqueiras, praças de alimentação, quadras poliesportivas, pistas de skate e bicicross, trilhas para caminhadas, escaladas e mountainbike, parquinhos infantis, pisos livres para usos também livres, dentre outros.
O aspecto cultural é representado pelo Centro Cultural, pelos edifícios da antiga Igreja (restaurada e aberta ao público) e do antigo Cinema (recuperado e transformado em Centro de Exposições), pelo Centro da Fauna e da Flora, pelo Centro de Reciclagem e Tratamento da Água.
Um importante aspecto que foi levado em conta durante todo o projeto foi o aspecto histórico: houve a preocupação de se preservar a história do lugar, da antiga pedreira. Assim, diversas diretrizes, como o uso do elemento pedra como material de construção, uso de grandes pedras e antigos equipamentos da pedreira como esculturas e playgrounds, a preservação e valorização dos cenários resultantes das atividades de extração de pedra, dentre outros, induziram a um projeto de transformação da área que não nega seu passado, mas preserva-o e o apresenta como testemunha do desenvolvimento do bairro.
O projeto do Parque da Pedreira representa a criação de um espaço livre, público, de importância histórica, ambiental e social, que responde à toda potencial função dessa área. Uma gleba de importância regional que se transforma em um parque público urbano de abrangência também regional.






domingo, 15 de maio de 2011

Fotos Pedreira Morro Grande - 2

Pesquei na internet algumas fotos muito boas tiradas por Carlos Alberto Loureiro em seu Flickr http://www.flickr.com/photos/caloureiro/



Sim, essa paisagem fica no Morro Grande, custou pra mim acreditar também!


Fotos da Pedreira Morro Grande desativada



Essa rua que termina na pedreira é um lugar realmente atípico.
Parece que o tempo parou nesse lugar. Há muitos anos eu passo eventualmente por lá só pra ver se continua tudo igual. O entorno já está mais urbano/periférico do que alguns anos atrás, mais a sensação de que voltou-se 50 anos no tempo persiste.

A pedreira está desativada há mais ou menos uns 3 anos. Conversei com esse senhor que aparece na foto (vigia da pedreira). O diálogo:
Vão fazer alguma coisa aqui ?
-Vai ser o metrô.
Mais o terreno já é do metrô?
-Não, ainda não mais quando eles vierem já vão pegar tudo né...
E já fizeram alguma sondagem ?
-Já sim.. mexeram um monte ai tudo..

fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=54625943


Atualmente a Pedreira Vila Morro Grande foi desativada e parou de ser drenada fazendo com que as crateras abertas se transformassem em um lago. O local abandonado, no verão é tomado por banhistas que se arriscam se divertindo como podem.

Pedreira Anhanguera S.A


Fundada em 1943, pelo empresário Elysio Teixeira Leite, com o nome de Pedreira Morro Grande Ltda., na vila Morro Grande, no bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo. A partir de 1949, assume a empresa Dr. Thomaz Melo Cruz, genro de Elysio Teixeira Leite, com a morte deste. Em 1954, Funda-se a PEDREIRA ANHANGUERA S.A, em sociedade com Clodomiro Carneiro e Gastão João Walter, na Rodovia Anahnguera, em Cajamar - SP e em 1964, o grupo, já sob único controle de Dr. Thomaz, assume a Concreto Redimix do Rio de Janeiro S.A, multinacional anglo-australiana, que detinha controle das atividades em outros 3 estado. Em 1981, com a fusão das empresas, forma-se a PEDREIRA ANHANGUERA S.A EMPRESA DE MINERAÇÃO..

Cidade Fantasma


A Vila Morro Grande, nome também da Pedreira ali existente, na divisa de Vila Brasilândia, do Bairro de Freguesia do Ó, possui um pedaço de construções fantasmas, perdidas no tempo, longe do apogeu sonhado pelo seu criador.
Na década de 1930, iniciou-se a exploração da Pedreira Morro Grande, localizada na Serra da Cantareira, na parte pertencente a Freguesia do Ó.
Naquela época, para se chegar ao local, o único caminho disponível era a antiga Estrada do Congo, ainda sem asfalto.
O britador ficava no começo da referida estrada, hoje Avenida Elisio Teixeira Leite, na esquina com a Avenida Itaberaba, e os blocos de pedra eram transportados por carroças especiais puxados por mulas.
Nos finais dos anos 40 a britadeira foi desativada, com o asfaltamento da Estrada do Congo até a entrada da Pedreira, onde ainda hoje existe um portal na entrada.
Foi mais ou menos nessa época que o nordestino Tomás de Mello Cruz casou-se com Dona Elza, filha do proprietário da Pedreira.
Tomás de Mello Cruz vinha de uma renomada família que no Nordeste explorava o ramo de tecelagem e na Vila Morro Grande ele iniciou o seu grande império, construindo a Tecelagem Santo Eduardo Tecidos de Algodão Ltda. e implementando de modernidade a exploração da Pedreira.
Com as atividades da Pedreira, atendendo a uma São Paulo em obras, e a Tecelagem, a Vila Morro Grande passou a ser habitada pelos operários, com a criação de um pequeno comércio no local.
Ao redor da Tecelagem também era plantado café de qualidade,  destinado a importação.
O Sr. Tomás de Mello Cruz, além dos empregos que gerava para a população local, era um benfeitor da região, contribuindo com diversas obras, inclusive na pavimentando de cascalho de pedra inúmeras ruas de terra.
Homem notável e empreendedor, foi mais adiante. Nos anos 60 criou o internato Instituto Mairiporã, escola de formação ginasial e profissional para os filhos de seus empregados.
Na Vila Morro Grande contruiu uma moderna Igreja, dedicada a Santa Clara, toda de grandes vitrais, com o piso em desnível, de forma que todo participante dos atos religiosos ali realizados tivessem ampla visão do altar, que ficava em destaque elevado, podendo ainda ser visto nos fundos o Pico do Jaraguá, de forma grandiosa.
E não é só. O Sr. Tomás lá também construiu um charmoso cinema, onde além de exibição de filmes o prédio era usado para outras atividades sociais.
Todo dia, pontualmente, às 11:00 e 16:00 horas, podia se ouvir na região o som das explosões do maciço das rochas da pedreira, feitas com dinamite.
Nos anos 80, a Pedreira não pode mais continuar suas atividades e a Tecelagem por outros motivos quebrou.
A Igreja e o Cinema hoje são obras fantasmas, deterioradas pelo tempo. O prédio da Tecelagem segue o mesmo caminho e a plantação de café foi abandonada, tomada por ervas daninhas. Tudo longe, repete-se, do apogeu sonhado pelo seu criador. Viva São Paulo.

Fonte: http://www.vivasp.com/texto.asp?tid=3255&sid=1